segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Isa Carismática

Isa era uma mulher carismática. Daquelas que demarcam, a cada sensação, o seu espaço ou a sua futilidade, consoante o propósito. Tinha tanto de robusta quanto de frágil. Resvalava com inocência ou impunha-se com garra. Uma inocência safadamente cultivada e consumidora de apetrecho. Brotava de si uma sedução premeditada, capaz de iludir o mais versátil predador e desafiar à clemência do mais terrível dos abutres. Mas, na inesperada picada, mudava como o vento de Outono e, de instinto possessivo e arrebatador, fazia respeitar a sua característica e cobria com as suas garras todos os meandros de fuga. Não vacila e no momento de agir é implacável! É uma mulher tão exigente quanto compreensiva. Fere como flecha ou derrete-se com o calor humano e, quantas vezes, traída pelo seu piedoso coração. Alguém tão coerente que é incapaz de exigir aquilo que, pelo limite das suas forças, já não consegue dar. Determinada na arte de amar e é aqui que os seus extremos se evidenciam. Ama até à exaustão, não mede o que existe mas sim o que ainda falta para brotar, de cada poro, a última gota de suor. Trata da alma com perseverança e do físico sem pudor. Subtilmente descontraída toca os extremos e faz prevalecer a intensidade em detrimento da forma com que se ama. Extrai tudo o que há para extrair porque só assim concebe o amor enquanto romance.
É um privilégio contemplar as feições do seu rosto, os cabelos longos que se enroscam em caracol, os olhos vivos que acompanham o sorriso sempre espontâneo da sua boca, e até a lágrima de emoção que humedece as finas pestanas são a prova da beleza interior que em si encerra…mas se por dentro é bela por fora ostenta um invólucro bem recheado e digno de regalo! Transcende a imaginação e atiça o desejo sensorial. Os pés nus e bem cuidados sustentam pernas bem torneadas e sensuais, sente-se à distância a pele sedosa e macia, deixa antever uma infinidade de detalhes que nos tortura o olhar, que nos transporta para uma promíscua sensibilidade táctil. É um rodopio visual que não tem fim e que penetra o vestidinho solto e justo na anca, o aconchego perfeito dos seus seios fartos e das suas formas generosas.
Apareceu ao cair da tarde e nos seus olhos trazia um fogo autêntico de paixão. Era mais um encontro de tantos encontros que se adivinhavam. De cada vez repetia-se a diferença, essa diferença ancorada na diversidade de sensações. Cada um conhecia o outro como a sua própria palma, sabiam do poder de cada toque e da infinita criatividade de ambos e isso incendiava-os a cada olhar tendencialmente atrevido. Não dava para contornar, por minutos que fosse, a sede que suas bocas denunciavam, a sede que o beijo já não matava, a fome pela qual seus corpos mendigavam. Não tardou que os seios fartos de Isa gozassem de liberdade condicional, que os cabelos lhe cobrissem selvaticamente o rosto e que o vestidinho preto deixasse de ser justinho na anca. Solto, cada vez mais solto… ambos se percorriam e deixavam um rasto de saliva e suor em cada entranha, o batom diluído pelos seus fluidos marcava o terreno percorrido e a sua posse, e o vestidinho, agora perdido e esmagado algures pelo ventre de Isa deixara a nu o que os olhos de Sérgio há muito tinham despido. Devoravam-se com devoção!

6 comentários:

  1. bela descrição de uma personalidade forte e vincada. fico a aguardar o desenrolar...
    bjs de luxo

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  2. escrita pormenorizada,detalhada e apaixonante.
    gostei muito.
    bjs endiabrados

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  3. Muito obrigado minhas queridas.
    A história vai surgindo de forma intercalar. Depende da minha predisposição e das ideias que em cada dia surgem…
    Fico muito contente que apreciem quer o estilo de escrita quer o conteúdo que incorpora.
    Beijinho
    Sérgio Pereira

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  4. Sem sono dedilhei o meu teclado sem destino...e descubro este blog rebuscado, sensitivo,sedutor, diria que uma escrita masculina no feminino.Parabéns!

    Eu !
    que sou Isa e um dia conheci um Sérgio !

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  5. Obrigado Isa!
    A historia ha-de continuar... e os teus comentários, espero!
    Beijinho

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  6. O pormenor da descrição transporta-nos para o local da acção e faz-nos protagonistas...
    Fantástico.
    Beijo.

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